Como pesquisar informação na internet? Algumas orientações para jovens pesquisadores

AUTORA: Carmen L. Rodríguez Velasco

Este documento se orienta a oferecer algumas orientações, a modo de conselhos, que possam ser de utilidade para quem se enfrenta à difícil tarefa de realizar buscas na Internet, no quadro da elaboração de trabalhos científicos.

Falar de busca implica uma ação intencional de encontrar algo. É neste sentido que nos posicionamos, em conjunto com o Carles Monereo (2009): a busca como uma atividade de encontrar uma informação de um modo intencional, consciente, estratégico, em contraste com o encontrar um dado sem querer, por acaso ou coincidência.

Realizar uma busca ativa, crítica e reflexiva não é um hábito ou automatismo que nos vem dado. Supõe uma formação ou treinamento que, na maioria dos casos, não aprendemos ao longo de nosso ciclo formativo.

Daí que esta seção se enfoque em oferecer orientações que procurem cobrir deficiências neste sentido. Mas é apenas um recurso, não um guia exaustivo e válido para qualquer circunstância. Corresponde a cada um de nós treinarmo-nos em uma prática deliberada, reflexiva e crítica.

1. Que tipo de pesquisador/a sou?

Adquirir novas aprendizagens, à maneira de recursos pessoais e estratégias para realizar buscas na Internet, implica tomar consciência do lugar em que estamos, do tipo de pesquisador que somos hoje. Mais que engrossar uma classificação, ou nos colocar uma etiqueta, esta autoavaliação nos permite revelar o caminho que temos que transitar para ser um pesquisador estratégico.

De acordo a investigações citadas por Monereo (2008), identificam-se basicamente quatro perfis de comportamento no momento de realizar uma busca:

  • Pesquisador/a passivo/a
  • Pesquisador/a ativo/a
  • Pesquisador/a seletivo/a
  • Pesquisador/a estratégico/a

Uma pessoa que se considere um pesquisador/a passivo/a encontra a informação de forma acidental, sem pôr em ação planos ou instruções específicas para encontrá-la. Mediante uma espécie de zapping, visita diversos pontos de informação e de maneira casual vai recolhendo dados para a tarefa que está realizando nesse momento. Realiza a busca mais comum, por uma palavra ou frase vinculada ao tema, ou por um autor ou título, e a partir daí “se deixa levar” ou flui entre a informação que vai aparecendo, sem lhe aplicar, intencionalmente, filtros discriminatórios.

Uma pessoa que se considere um pesquisador/a activo/a, por outro lado, procura intencionalmente a informação, mas fá-lo de maneira rígida, partindo de rotinas de busca e de pontos informativos já conhecidos a que sempre recorre (por exemplo: Wikipédia1). Para exemplificar um comportamento afim a este perfil de pesquisador/ a, seria uma pessoa que quando vai iniciar a pesquisa sobre um tema que lhe é novo, vai à a Wikipédia como primeiro referente que o localize na matéria. Aí consegue orientar-se a respeito de autores, enfoque, temas relacionados, contextos em que mais se trabalhou. Com esta primeira sondagem, pode efetuar em seguida buscas mais afins a um perfil seletivo ou estratégico.

O pesquisador/a seletivo/a também é propositivo em sua busca, mas além disso tem em conta certos elementos conhecidos de qualidade para escolher a informação que finalmente recolherá. Isto supõe que para realizar suas buscas elabore primeiro certos critérios a respeito de onde procurar a informação para que esta seja de qualidade, que fontes podem dar seu contributo e quais oferecem uma informação a “tomar com pinças”, ou questionável. Com estes critérios, orienta sua busca de forma mais focalizada, específica, ou seletiva. A título de exemplo, um pesquisador seletivo se documentaria inicialmente sobre o tema, por fontes diversas, uma delas poderia ser a Wikipédia. A partir daí, elaboraria critérios para procurar a informação, como poderiam ser: sítios Web de universidades de contextos onde mais se trabalhou a temática, congressos ou conferências que tenham trabalhado o tema ou temas vinculados, autores fundadores e contemporâneos, etc.

Diferentemente dos anteriores, o pesquisador/a estratégico/a se caracteriza pela flexibilidade com que executa o processo de busca, partindo de poucos elementos prefixados, e tratando de desenhar estratégias ajustadas à peculiaridade de cada contexto de busca. Esta pessoa pode funcionar de maneira similar à que foi descrita como pesquisador/a seletivo/a, a particularidade de seu comportamento radica na flexibilidade com que assume cada processo de busca. Para cada caso, enfoca-se em elaborar estratégias que possam lhe oferecer o acesso a materiais que cumpram com critérios de qualidade, como o seletivo/a, mas não segue as mesmas orientaçõess para cada caso, antes reflexiona inicialmente, para o caso específico, quais podem ser as fontes sensíveis de oferecer informação relevante. Digamos que toma um tempo para desenhar uma rota para realizar suas buscas, que vai avaliando durante sua colocação em marcha, e refazendo-a ou modificando-a enquanto navega pela rede.

De acordo a estes perfis… qual se ajusta mais a você? Como poderia orientar buscas mais efetivas ou afins a um perfil do pesquisador/a seletivo/a ou estratégico/a? As seguintes seções oferecem alguns conselhos que poderão ser de utilidade para tais fins.

1. É uma enciclopédia na Internet, onde qualquer de seus visitantes pode fazer suas contribuições ou introduzir novos termos e desenvolver a informação a respeito. Esta maneira de elaboração e gestão compartilhada e colaborativa resulta numa ferramenta potente, embora também suscetível de questionamentos, quando se trata de usá-la como fonte acadêmica rigorosa. Não obstante, na atualidade, muitos autores a consideram um ponto de partida, ou tomam em conta durante o desenvolvimento dos temas que trabalhem.

2. Aprendendo a procurar na internet: algumas orientações

Embora a seção anterior nos ofereça pistas para realizar buscas mais efetivas na Rede, aqui privilegiaremos oferecer conselhos ou orientações que podem ser úteis. Não são receitas mágicas, nem caminhos únicos. Justamente como se explicava ao caracterizar ao pesquisador/a estratégico/a, sua particularidade é precisamente a flexibilidade com que assume cada nova busca. Daí que seja uma tarefa desacertada pretender padronizar maneiras ótimas de procurar na Internet.

Não obstante, entre uma busca passiva e uma busca estratégica, existe um conjunto de possibilidades. Neste espectro de alternativas nos centraremos, para oferecer algumas orientações ou conselhos a jovens pesquisadores.

Estudos realizados com peritos em buscas, da Psicologia da Educação Virtual, coincidem em destacar cinco fases típicas (Monereo, 2009):

  1. busca ativa através do encadeamento de links;
  2. exploração e revisão dos documentos encontrados;
  3. diferenciação e etiquetagem da informação chave;
  4. disposição de sinais para detectar nova informação relevante;
  5. extração e uso da informação recolhida.

Como se pode verificar, o processo de busca não obedece a uma lógica linear; uma vez obtidos avanços, estes podem nos conduzir-nos a iniciar novas buscas, mais particularizadas, marcadas pelo caráter relevante que lhe atribui a informação encontrada previamente. Isto torna o processo complexo. Diríamos que supõe um treinamento mental para manter várias janelas abertas de uma vez, para ir conectando informação extraída de uma e outra fonte e, por sua vez, nova abertura de janelas, derivada de temas emergentes. Isso supõe uma formação ou treinamento. Sobre estes processos pedagógicos ou formativos se desenvolveram diversos estudos e propostas. Para elaborar estas recomendações, apoiamo-nos no modelo do Carles Monereo (2009)2, assim como nas orientações oferecidas por David Molero (2009)3, como fonte documental básica.

2. Ver: MONEREO, C. (2009) “Aprender a encontrar y seleccionar información: De Google a la toma de apuntes” Em: Psicología del aprendizaje universitario: la formación en competencias. Juan Ignacio Pozo Municio, María Puy Pérez Echeverría (coords.), 2009, ISBN 978-84-7112-598-9, pp. 89 – 105.
3. Ver: MOLERO, D. (2009) “Documentación y búsqueda de información”. Em: Manual básico para la realización de tesinas, tesis y trabajos de investigación. Pantoja Vallejo, Antonio (Coord.). Editorial EOS: Madri, 2009. pp. 101-125.

Momento 1: planificação da pesquisa

Procurar na Internet é um processo que não se inicia ligando o computador, abrir um motor de busca e colocar um termo. Para procurar com acerto, é importante planejar primeiro. Caso contrário, podemos estar navegando durante largo tempo, fazendo zapping, recolhendo uma informação que possivelmente depois não vamos usar.

Por vezes, pensamos que planejar é uma perda de tempo. Convidamos a entender o planejamento como um investimento: investir tempo para ganhar tempo.

No momento de planejamento devemos considerar:

  • Finalidade da informação: porquê e para quê precisamos de localizar determinada informação?

Nossos propósitos com a busca podem ter diferentes graus de complexidade. Podemos ir da simples definição de um termo à compreensão de um enfoque, que supõe elaborar definições, contextos, árvore de temas associados, etc.

Daí que nossa busca possa reduzir-se a uma palavra ou frase, ou supor uma ou várias cadeias de conectores e, inclusive, chegar a nos contemplar diversos itinerários de busca, a partir de diferentes parâmetros.

  • Conhecimentos prévios: sobre o tema e sobre o processo de busca mesmo

Paralelamente a nossa interrogação sobre a finalidade da busca, é preciso que nos perguntemos a respeito de: o que sabemos sobre o tema que queremos procurar? Que experiências temos em processos de buscas similares e em relação aos diferentes sistemas de busca em Internet?

A resposta a estas interrogações irá guiar-nos a respeito de como organizar o processo de busca.

  • Onde procurar

Obviamente, as fontes documentais a consultar podem ser diversas. Neste texto, estamos centrando-nos naquelas disponíveis através de Internet. Mesmo que Internet seja apenas um dos recursos ou fontes de informação, suas possibilidades são infinitas. Desde aí a importância de planejar onde procurar.

Podemos, por exemplo, utilizar algum motor de busca genérico (Google) ou específico, segundo a disciplina ou matéria que estejamos procurando. Podemos procurar em uma base de dados especializada (TESEO), ou em uma criada pelos próprios usuários da rede, como é a Wikipédia; assim como em diretórios especializados ou diretamente em uma Web temática.

Mas, para decidir a respeito destas variantes, é preciso que conheçamos previamente acerca de suas características e opções, para, de acordo a nossos propósitos, organizar a busca seguindo um ou outro itinerário e recursos. Nesta seção não faremos uma descrição exaustiva de cada uma delas, apenas mencionaremos algumas, como incentivo a uma leitura mais detalhada por parte de quem pretenda realizar buscas mais efetivas e estratégicas.

O tratar este tema no enquadramento do presente documento obedece ao uso frequente e, daí, a utilidade que costumam ter as base de dados documentais nos trabalhos de pós-graduação, devido à validade e credibilidade dos conteúdos, assim como ao prestígio dos autores. Embora o acesso a algumas delas possa ser restringido, permitem-nos obter dados básicos de documentos que podem ser consultados in situ em bibliotecas universitárias. Como já expressamos, Internet é uma possível fonte de busca, não é a única. Isto temos que ter presente para não superdimensionar seu uso, assim como tampouco menosprezar ou ignorar a potencialidade de outras fontes de recursos documentais como podem ser bibliotecas, centros estatísticos, instituições especializadas em temas.

Base de dados documentais

As base de dados documentais são como uma espécie de bibliotecas virtuais, embora nem sempre contenham os textos integrais, mas uma referência a estes. Muitas delas são especializadas, segundo o campo disciplinar que se trate, o qual é importante informarmo-nos a respeito de quais são aquelas base de dados referidas ao âmbito de nossos estudos. Por sua vez, o acesso nem sempre é livre e, em alguns casos, tampouco gratuito. Aspectos desta natureza também são tidos em conta quando planejamos onde procurar. Do mesmo modo, podem existir base de dados em diferentes idiomas e, de acordo com a nossa competência de leitura, avaliaremos a hipótese de orientar nossa busca em uma delas.

Como anexo neste texto, colocamos um guia para realizar buscas na base de dados TESEO, pertencente ao Ministério de Ciência e Inovação de Espanha (Anexo 1). Dita fonte alberga teses de doutorado lidas desde o ano de 1976, o acesso para consultas é livre e gratuito, o qual pode ser uma fonte válida para nossas buscas.

Também se anexa um guia para realizar buscas no Dialnet, o portal de difusão da produção científica em língua espanhola (Anexo 2). Seu acesso é livre e foi criada pela Universidade de La Rioja. Conforme refere Molero (2009), contém a transcrição dos índices da maior parte das revistas científicas e humanísticas da Espanha e América Latina, incluindo também livros, tese de doutorado e outros tipos de documentos (Universidad de la Rioja, 2008, citado por Molero, 2009). Em fevereiro de 2009, estavam disponíveis na mesma 1927463 documentos, 5266 revistas diferentes e mais de 17300 teses de doutorado de 36 universidades espanholas; de muitos destes documentos estão disponíveis os textos completos.

  • Critérios de qualidade

Realizar uma busca na Rede nos enquadramento de um trabalho de pesquisa supõe considerar uma série de critérios que servem como filtros de qualidade a respeito da informação. Não se trata de que tudo o que achamos seja válido, pelo que temos que aprender a discriminar a informação em função de sua qualidade para a pesquisa científica.

Neste sentido, temos que atender a:

a) validade e credibilidade de um documento;

b) sua atualidade ou ritmo de atualização da fonte que nos fornece isso;

c) o prestígio ou reconhecimento dos autores;

d) seu nível de pertinência com o conteúdo procurado e os objetivos perseguidos.

Poder distinguir em termos de qualidade supõe experiência na matéria ou temática procurada.
Não obstante, para jovens pesquisadores, existem alguns recursos que podem ser de utilidade.

Um deles é o índice de impacto de revistas. Seu cálculo nos serve para conhecer quais são as revistas mais consideradas segundo os temas, os autores e as autoras com maior número de entrevistas e as instituições educativas mais presentes na produção científica, através da publicação de estudos em revistas de caráter científico (Molero, 2009). Esta informação é de grande valor para orientar nossas buscas, e por sua vez filtrar o encontrado, atendendo aos critérios de qualidade. Como anexo a este material (Anexo 3), apresentam-se alguns exemplos de como calcular o índice de impacto, em revistas de ciências sociais e de educação4.

Assim como contamos com critérios para avaliar a qualidade de determinadas fontes, existem fontes não confiáveis, ou de duvidosa valia para um estudo ou pesquisa científica. Sem ser possível listar detalhadamente URLs ou sítios webs que possuam esta característica (a lista poderia muito extensa), acrescentaremos aos critérios antes mencionados outras questões a considerar quando avaliamos o que pode ser informação válida ou não, na Web.

A respeito, algo que podemos fazer é checar a fonte: verificar que a informação que estamos lendo provém de uma fonte original ou conhecer qual é sua origem. Neste sentido, poderemos confiar, se se tratar de sítios especializados em determinados temas, mesmo que não se seja uma fonte original. Links de mails, ou fóruns públicos, blogs, ou outros espaços nos quais podemos ler informação na Internet, mesmo que possam sugerir-nos reflexões férteis, não constituem fontes de documentação confiável para abordagens científicas.

4. Embora o exemplo esteja restringido a estes campos de conhecimento, pode ser de utilidade para outras disciplinas, pois, operacionalmente, o cálculo funciona de maneira similar.

Momento 2: realização de ações de pesquisa

Este momento se distingue por realizar as ações de busca propriamente ditas. Uma vez que na fase anterior elaboramos estratégias de busca, tendo realizado, inclusive, consultas na Web para identificar autores relevantes dentro do tema investigado, ou instituições ou contextos onde mais se trabalhem temáticas afins a nosso objeto de estudo, procedemos neste segundo momento a empreender as buscas de fontes primárias (textos originais) ou secundárias, relativos a nossos propósitos de busca.

Quanto aos procedimentos de busca, autores como Marchionini, citado por Monereo (2009), descrevem três categorias: movimentos (move), táticas (tactics) e estratégias (strategies).

Tal como assinala dito autor: os movimentos são ações condutuais discretas, como escrever uma direção em uma caixa URL, ou retornar a uma página anterior; as táticas consistem em decisões pontuais sobre a busca, como modificar a palavra chave inicial, ou copiar e colar um dado; enquanto as estratégias implicam o uso consciente e deliberado de um conjunto organizado de táticas, como escolher um sistema específico para a busca, ou afinar muito melhor a palavra chave.

A tabela que a seguir se mostra ilustra com maior precisão e amplitude a descrição anterior.

Momento 3: supervisão e avaliação da pesquisa

Este momento distingue um pesquisador estratégico e, embora para muitos possa ser visto como um momento posterior ao processo de pesquisa, incluímo-lo como parte dela por considerá-lo um momento relevante do processo.

Ao monitorar e avaliar o material encontrado, estamos realizando uma avaliação que, na maioria dos casos, leva-nos novamente ao momento 2 ou, inclusive, poderia fazer-nos regressar ao 1, se entendemos que o planejamento não foi tão acertado quanto quisemos, de acordo aos propósitos com os que iniciamos a busca.

Neste momento, a pessoa que realiza a busca escolhe os documentos que definitivamente utilizará e começa a identificar a informação específica que extrairá dos mesmos, para anotá-la. É importante mencionar que, por vezes, o conteúdo de um documento pode não ser uma fonte relevante para nossa pesquisa, entretanto, sua bibliografia pode resultar num recurso de grande utilidade onde encontrar informação valiosa que nos permita continuar a busca.

Autores como Monereo e Fuentes (2005, citados por Monereo 2009) propõem alguns critérios de confiabilidade ou credibilidade, que devemos considerar neste momento 3. Estes critérios representam como espécie de filtros, que nos facilitam este processo de supervisão e avaliação da busca:

a) Em relação ao ajuste do tópico de busca:

  • a ordem que ocupa o documento no listrado gerado
  • o índice de afinidade mostrado pelo pesquisador (caso exista essa utilidade)
  • a similitude do tópico com o índice do documento
  • a proximidade semântica (ou de significados) com o resumo ou abstract do documento, ou com os primeiros parágrafos do mesmo, ou com as palavras-chave
  • a extensão e nível de aprofundamento no tópico

b) Em relaçãoà qualidade relativa do documento:

  • o nível de objetividade da informação
  • a adequação do tom, a sintaxe, o vocabulário, e o estilo de comunicação ao tema tratado e aos destinatários
  • os aspectos de desenho, estética e originalidade do formato
  • a relevância e a eficácia nos links incluídos
  • a publicidade equilibrada e oportuna
  • as opções de busca incluídas
  • o emprego da tecnologia apropriada para a gestão do documento

c) Em relação ao rigor da informação:

  • a reputação dos autores ou produtores da informação, e a possibilidade de acessar sua direção eletrônica
  • como se cita esse documento em outros lugares de qualidade reconhecida
  • possibilidades de comprovar o conteúdo
  • atualidade temática
  • coerência e qualidade dos links
  • frequência de atualização do documento ou ponto informativo
  • número de consultas que recebe

A informação que corresponda a estes critérios de confiabilidade, pode ser fichada em uma ou várias pastas, ou registrada em um mesmo documento. Esta discriminação da matéria-prima é fundamental, porque se esta é defeituosa, a síntese de resultados também o será.

Momento 4: avaliação do próprio processo de busca

Como assinala Monereo (2009), esta é uma etapa frequentemente esquecida, e é justamente a que deve garantir que o pesquisador/a aprenda com seus acertos e erros, para empregar esse conhecimento em futuras buscas.

Para isso, temos que comparar os itinerários ou rotas de buscas planejados inicialmente e as mudanças que sofreram, avaliar o acerto das decisões adotadas e avaliar a eficácia dos procedimentos de busca utilizados. Ações estas que nos permitirão treinar para procurar melhor no futuro.

Isso sim, a avaliação do processo de busca supõe que sejamos capazes de representar mentalmente o processo seguido, e que possamos tomar distância da execução, para poder ajuizá-la melhor.

Se repassarmos este texto, perceberemos que procurar na Internet informação documental válida para trabalhos científicos não é uma tarefa simples. Em princípio, estas orientações ou conselhos nos parecerão mais obstáculo que ferramenta, porque certamente supõem um processo de aprendizagem e treinamento. No entanto, uma vez que adquirimos as competências para realizar pesquisas estratégicas, avalia-se positivamente o momento de aprendizagem vivida. Sem tornar a prática rotineira – algo que seria incoerente com um atuar estratégico – obtemos certos hábitos e adquirimos uma série de recursos pessoais que nos colocam de outro maneira diante do imenso campo de informação que é a Internet.

Fica aberto o convite para converter estas páginas em referência orientadora de nossas práticas de pesquisa. Ao início, é possível que tenhamos que voltar a elas uma e outra vez; com o tempo, serão material de arquivo.

3. Base de Dados TESEO

[seção extraída de: MOLERO, D. (2009) “Documentación y búsqueda de información”. Em: Manual básico para la realización de tesinas, tesis y trabajos de investigación. Pantoja Vallejo, Antonio (Coord.). Editorial EOS: Madri, 2009. pp. 101-125. Todos os direitos cedidos à FUNIBER, 2010]

Esta base de dados pertence ao Ministério de Ciência e Inovação, consiste em um procedimento para a busca e gestão de fichas de Teses de Doutorado lidas desde o ano de 1976; nela se podem realizar consultas ou registrar-se como doutorando para permitir que sejam introduzidos os dados de sua tese no sistema; o acesso se realiza de maneira on-line (Ministério de Ciência e Inovação, 2008). A endereço eletrônico para acessá-la é https://www.micinn.es/teseo/login.jsp. Este endereço foi modificado recentemente com a mudança de competências universitárias ao Ministério de Ciência e Inovação, estando ativo o anterior endereço com um redirecionamento à aplicação em vigor.

Como já comentamos anteriormente, é de acesso gratuito e só é necessário registrar-se nela se se quer acessar como doutorando e poder manter contato com os administradores da mesma, não sendo necessário o registro para realizar consultas. Sua utilização é muito simples, uma vez acessada podemos realizar consultas através da opção “Acesso à consulta do TESEO” (veja-se Figura 4.1).

Uma vez que nos situamos dentro da opção de pesquisa, podemos optar pela alternativa de realizar uma busca simples, onde podemos consultar as Teses por autor ou autora, título, universidade ou, inclusive, por cursos acadêmicos. Também existe a possibilidade de fazer buscas avançadas, que, além dos critérios de busca da alternativa simples, conta com outros critérios como palavras-chave, frases ou busca lexical ou combinando vários deles (ver Figura 4.2).

A grande vantagem desta alternativa de busca avançada é que, para quem queira realizar rastreamentos de teses de doutorado sem conhecer dados identificativos das mesmas, de maneira muito específica, podem formular-se buscas em torno de um ou vários descritores ou palavras-chave, ou mediante o emprego de um ou vários léxicos, termos que aglutinam trabalhos vinculados com essas temáticas. Nestes casos, as pessoas interessadas teriam que selecionar algum léxico dentro do menu palavras-chave na busca avançada, incluindo-os se os conhecem, ou pedindo que a aplicação informática lhes sugira os mesmos, em caso de não os conhecer, tal como aparece na Figura 4.3. Desta maneira breve e concisa, mas ao mesmo tempo específica, podem-se fazer buscas mais restritivas.

Uma vez que se realizaram ou se selecionaram todas as alternativas de busca, solicitamos à aplicação que realize a busca no TESEO. Em função das especificações ou limitações solicitadas, encontraremos um maior ou menor número de resultados de busca, que aparecem apresentados de dez em dez registros por página. Podem-se marcar ou selecionar os registros que se desejem e a seguir marcar a alternativa “ver seleção”, que nos permite aceder à Ficha da Tese de Doutorado selecionada ou, no caso de selecionar várias, poder passar às seguintes. Na Ficha de Tese se oferece informação sobre o título, autor ou autora, Universidade, data de leitura, endereço, tribunal, descritores, um hiperlink para a mesma se o texto estiver disponível e, finalmente, um resumo do trabalho (veja-se Figura 4.4.).

É importante recordar a possibilidade que se tem de solicitar o empréstimo por intercâmbio bibliotecário na Rede Espanhola de Bibliotecas Universitárias (REBIUN) das Teses que sejam de seu interesse, através de sua universidade ou centro de pesquisa, ainda que muitas das citadas obras acabem sendo publicadas em papel, formato eletrônico (veja-se-a base de dados Dialnet), livro, CD, etc.; desta forma, o acesso às mesmas é exequível.

4. Base de Dados Dialnet

[seção extraída de: MOLERO, D. (2009) “Documentación y búsqueda de información”. Em: Manual básico para la realización de tesinas, tesis y trabajos de investigación. Pantoja Vallejo, Antonio (Coord.). Editorial EOS: Madri, 2009. pp. 101-125. Todos os direitos cedidos à FUNIBER, 2010]

Dialnet é um portal de difusão da produção científica em língua espanhola. Seu acesso é livre e foi criado pela Universidade de La Rioja. Contém os índices da maior parte das revistas científicas e humanísticas de Espanha e América Latina, incluindo também livros, tese de doutorado e outros tipos de documentos (Universidade de la Rioja, 2008). Em fevereiro de 2009, estavam disponíveis na mesma 1927463 documentos, 5266 revistas diferentes e mais de 17300 tese de doutorado de 36 universidades espanholas; muitos destes documentos estão disponíveis integralmente. O número de pessoas registradas era de 355589 na data em que esta publicação se enviou para impressão.
Esta base de dados é um dos serviços de busca mais utilizados no mundo cultural hispano. Fornece, além disso, o acesso na íntegra a numerosos conteúdos e oferece um serviço de alertas, para receber via correio eletrônico os sumários das revistas ou temas de interesse.
Dialnet também está disponível em outros idiomas e línguas oficiais através da opção “Idioma” situada na parte superior da página de entrada na base de dados (veja-se Figura 4.5). Os idiomas disponíveis, além de espanhol, são inglês, francês, português, galego, catalão e basco. Recentemente, acaba de ser colocado em funcionamento o Dialnet em alemão, através de uma colaboração com a Biblioteca do Instituto Cervantes de Munich.

Se acessarmos a página de início do Dialnet (http://dialnet.unirioja.es/) podemos realizar diferentes tipos de buscas, por qualquer palavra, pelo título ou pelo autor ou autora (veja-se Figura 4.5). Podemos igualmente solicitar documentos de qualquer tipo, artigos de revistas, obras coletivas, teses ou livros. Também podemos fazer buscas de revistas, oferece-se uma opção específica para isso, podemos procurar pelo título, pelo código do ISSN ou pelo código de revista do Dialnet, procurando em qualquer matéria ou só na selecionada, em nosso caso Psicologia e Educação.
Vamos exemplificar o processo com uma busca por autor ou autora. Nas diversas opções de busca vamos selecionar o nome da pessoa procurada, recordando que quanto mais especifiquemos a mesma mais delimitada serão os resultados obtidos. Uma vez que indicamos no espaço autor/a a pessoa que procuramos, selecionamos o botão “procurar”, obtendo como resultados todos os registros relacionados (ver Figura 4.6).

Em numerosas ocasiões, no momento de procurar informação, não conhecemos os dados completos da autoria dos trabalhos (só um sobrenome ou não recordamos o nome, etc.), provocando uma oferta de resultados mais ampla que o esperado. Dialnet oferece soluções para isso, podemos selecionar fazendo click sobre os dados pessoais dos responsáveis pelos artigos, capítulos de livros, monografias encontradas, etc., e o sistema nos remete a todos os registros vinculados a essa pessoa. Da mesma maneira, podemos selecionar coautores ou coautoras da pessoa que procuramos, revistas, livros, etc. Desta maneira, a aplicação informática, através de diferentes ligações, leva-nos aos diversos documentos ou pessoas.

Se optarmos por fazer uma busca por teses de doutorado (veja-se Figura 4.7), podemos facilitar a mesma utilizando e combinando os diversos critérios de busca entre as cerca de 17300 teses disponíveis nas 36 universidades contempladas nesta alternativa de busca. Os critérios disponíveis são palavras-chave ou descritores, autoria, universidade, títulos, idioma, anos de início e fim da mesma, assim como a alternativa que seleciona só os registros disponíveis integralmente, que em fevereiro de 2009 era uma nada desmerecedora cifra de 11774 teses de doutorado disponíveis.
Uma vez apresentadas as diversas opções de busca desta simples, útil e dinâmica, mas também ampla base de dados, mantida pela Universidade de la Rioja, devemos recomendar aos leitores e às leitoras desta publicação sua utilização, dada a riqueza de documentos que engloba e a variedade de idiomas dos mesmos.

5. Índices de impacto de revistas

[síntese da seção extraída de: MOLERO, D. (2009) “Documentación y búsqueda de información”. Em: Manual básico para la realización de tesinas, tesis y trabajos de investigación. Pantoja Vallejo, Antonio (Coord.). Editorial EOS: Madri, 2009. pp. 101-125. Todos os direitos cedidos à FUNIBER, 2010]

Continuando, vamos apresentar dois recursos para calcular o índice de impacto de revistas, particularmente das educativas, embora o procedimento possa ser válido para calcular o índice de outras revistas de ciências sociais. Estes recursos são fontes de documentação secundária. Além disso, servem para que os pesquisadores e toda a comunidade pesquisadora conheçam quais são as revistas mais consideradas, os autores e as autoras com maior número de citações e as instituições educativas mais presentes na produção científica, através da publicação de estudos em revistas de caráter científico.

5.1 Índice de impacto de revistas espanholas de ciências sociais -IN-RECS-

Este recurso é elaborado pelo Grupo de Pesquisa Avaliação da Ciência e da Comunicação Científica da Universidade de Granada (2008), recebeu financiamento do Ministério da Educação e Ciência e na atualidade é financiado pelo Ministério de Ciência e Inovação. Seu endereço eletrônico é: http://ec3.ugr.es/in-recs/.
IN-RECS é um índice bibliométrico em língua espanhola que oferece informação estatística a partir da recontagem das citações bibliográficas, com o fim de determinar a relevância, influência e impacto científicos das revistas espanholas de ciências sociais, dos autores e as autoras que publicam nas mesmas e das instituições a que são atribuídas. Do mesmo modo, permite conhecer, de maneira individualizada, as citações bibliográficas que recebem os trabalhos publicados em revistas científicas espanholas, com o que é possível conhecer o impacto real que tiveram na comunidade científica a que se dirigem.
IN-RECS publica anualmente, no último trimestre do ano, listas de revistas, autores e instituições ordenadas segundo seu impacto. A base de dados IN-RECS (veja-se Figura 4.11) alimenta-se a partir da indexação sistemática das referências bibliográficas citadas nos artigos publicados em revistas espanholas das principais disciplinas que conformam o domínio das Ciências Sociais (Antropologia, Biblioteconomia e Documentação, Economia, Educação, Geografia, Sociologia, Psicologia e Urbanismo).

Vamos centrar-nos no emprego da seção relacionada com Educação, embora o processo que se explica seria o mesmo para qualquer outra área. Se acessarmos o endereço eletrônico da mesma (ver Figura 4.11) e entrarmos nos conteúdos da área de Educação, podemos apreciar a classificação das revistas educativas em função de seu índice de impacto e sua distribuição em quartis em função da classificação obtida, opção que aparece por defeito, como se pode apreciar na Figura 4.12.

É conveniente indicar que os índices de impacto das revistas variam em função dos anos em que se consultem, estando disponíveis os índices anuais desde o ano de 1996 até o ano de 2007 e dois índices acumulados, do ano de 1994 ao ano de 2007 e do ano de 2003 ao ano de 2007. Estes detalhes devem ser tidos em conta, já que os resultados obtidos podem ser diferentes em função do intervalo selecionado. Também podemos solicitar, de acordo com nossas necessidades, que classifique as revistas tendo em conta o total de trabalhos, total de citações, citações nacionais, citações internacionais ou ordená-las alfabeticamente; mas sempre se acompanha a informação do quartil em que estão situadas as revistas.

Por sua vez, podemos solicitar que a fonte documental classifique ou procure os artigos mais citados, os autores e autoras com mais citações, as instituições mais refletidas nas diversas revisões e realizar uma busca pela autoria, revistas, instituições, etc. Estas buscas se conseguem selecionando na parte superior da aplicação as diversas opções (artigos, autores/as, instituições, buscas, etc.) como se pode verificar na Figura 4.13. A modo de exemplo, selecionamos os artigos mais citados, seguindo-se para as demais ações um processo similar.
A base de dados IN-RECS tem outras muitas aplicações relacionadas com as revistas estudadas, como a evolução das revistas, uma estatística, a consulta das revistas que servem de fonte e um menu de ajuda. Sem dúvida, a utilidade desta aplicação é elevada, mais ainda no momento atual, aonde existe uma preocupação dos pesquisadores e das pesquisadores por conhecer quais são as revistas mais relevantes em cada um de nossos campos de trabalho.

5.2. Índice de impacto de revistas –LATINDEX-

Latindex é um sistema regional de informação em linha para revistas científicas da América Latina, Caribe, Espanha e Portugal, tal como mostra sua própria Web (http://www.latindex.unam.mx/). É um produto da cooperação de uma rede de instituições que funcionam de maneira coordenada para reunir e disseminar informação bibliográfica sobre as publicações científicas seriadas produzidas no mundo latino-americano.
Os usuários e as usuárias potenciais do Latindex usam, trocam e geram informação científica entre os pesquisadores e pesquisadoras, docentes, estudantes, administradores e planejadores da atividade científica, editores, bibliotecários e especialistas da informação. Latindex serve também à comunidade internacional (organismos e pessoas) interessada nos conteúdos, temas e ações relacionados com a ciência e a informação científica na região.
Esta Base de Dados (Latindex, 2008) verifica se as revistas de pesquisa cumprem com certos critérios, de maneira que as revistas que cumprem com maior número de critérios ou indicadores são aquelas que têm maior relevância. Quer dizer, o esperado pelas editoras e os autores e autoras de artigos é que as revistas tenham o maior número de critérios para assim considerar que as publicações são mais bem avaliadas e de maior prestígio (veja-se Figura 4.14).

Se selecionarmos a opção de busca de revistas de ciências sociais e dentro delas as de educação, na opção de busca avançada (veja-se Figura 4.15), podemos realizar buscas em função de diversos critérios, autoria, nome das revistas, temas, ISSN, país de publicação, etc. É recomendável realizar as buscas com o maior número de critérios dado o alto volume de revistas que aparecem na dita base de dados, só em educação existem 1023 revistas indexadas.

Uma vez selecionada a revista entre os resultados obtidos, recordamos a importância de indicar critérios de busca específicos para reduzir o número de resultados, e obtermos a informação relacionada com a mesma em uma ficha de dados. Podemos acessar as webs das mesmas ou os artigos que estejam disponíveis on-line, mas, sem dúvida, um dos aspectos mais relevantes é o número de critérios que se cumprem, sendo a avaliação máxima a obtenção de 33 critérios ou características (ver Figura 4.16).